DÚVIDAS FREQUENTES

Às vezes, antes de começar um acompanhamento psicológico, surgem muitas dúvidas: como funciona, quando faz sentido procurar, o que esperar das sessões. Cada pessoa chega por um motivo diferente, por iniciativa própria, por indicação de alguém próximo ou até por curiosidade sobre o processo. Aqui reuni algumas questões que costumam aparecer para ajudar você a entender melhor como funciona esse processo.

  • Atualmente atendo adolescentes, adultos e a terceira idade.

  • A Fenomenologia é uma forma de fazer psicologia que se interessa por como cada pessoa vive e sente a própria experiência, no exato jeito como ela aparece. Em vez de partir de teorias ou encaixar alguém em pré definições, essa abordagem convida a olhar com atenção para o que se mostra no aqui e agora: sensações, percepções, gestos, pensamentos, histórias, silêncios.

    O foco é compreender o sentido que a própria pessoa dá ao que está vivendo, e não interpretar por ela. É uma abordagem que acontece no encontro, onde olhamos para a experiência como ela aparece e vamos explorando juntos o que ela revela.

    Na prática, isso significa que cada sessão é única. Não existe um roteiro fixo; existe um espaço onde tudo que faz parte da vida pode entrar: memórias, corpo, arte, medos, desejos, sonhos, dúvidas. A Fenomenologia abre caminho para que a pessoa descubra e fortaleça sua própria forma de dizer, sentir e significar.

  • Existem muitas linhas na Psicologia, e dentro de cada existem diferentes abordagens sobre as quais cada profissional tem uma atuação individual, o que faz com que os atendimentos sejam particulares na relação entre Psicóloga  e pessoa atendida. 

    Em outras palavras, a linha serve como uma bússola; uma ferramenta para ajudar a guiar as sessões e direcionar demandas. Entretanto, na prática, o que sustenta a base do atendimento é a relação singular entre terapeuta e pessoa atendida. O vínculo, portanto, é essencial para que o processo ocorra. Você pode, por exemplo, preferir uma linha, mas não necessariamente estabelecer uma relação de afinidade com a Psicóloga, o que provavelmente prejudicará o processo. 

    Dito isso, minha dica é você priorizar uma Psicóloga que você goste, independente da linha. Marque uma primeira conversa e veja como se sente. 

  • O custo de cada sessão é ajustado de acordo com as possibilidades de cada um. Durante a primeira conversa, caso a pessoa decida seguir com o atendimento, faremos um acordo que seja interessante para os dois lados. 

  • Sim, emito recibo.

    Na maioria dos casos, o plano solicita um pedido médico, o comprovante de pagamento e o recibo da Psicóloga para efetuar o reembolso. 

    Para mais informações sobre processos e valores de reembolso, é necessário entrar em contato diretamente com o seu plano,  pois os procedimentos podem variar.

  • Não, realizo apenas atendimentos particulares.

  • A periodicidade varia de acordo com a  disponibilidade de cada pessoa. Entretanto, minha recomendação é a de um acompanhamento  semanal,  principalmente no começo, para que se estabeleça um vínculo de maneira mais fluída. 

    Não parta do sentimento de não ter temas ou acontecimentos suficientes para trazer semanalmente, já que as sessões podem ir além dos fatos concretos do dia-a-dia.  do item

  • Não existe um tempo definido. Cada pessoa tem seu ritmo, suas necessidades e seus objetivos, por isso, não é possível prever. É possível, a qualquer momento, escolher parar.

    E isso é importante: sempre há autonomia da pessoa atendida (ou responsável) para perceber se o atendimento está fazendo sentido.

    Além disso, é comum chegar um momento em que a pessoa atendida ou a psicóloga percebam que o processo está travado. Quando isso acontece, é importante conversar: entender e nomear o que está acontecendo para poder direcionar os próximos passos, seja ajustando o percurso e seguindo de uma nova forma, seja finalizando esse ciclo.

  • A psicoterapia não é só para momentos difíceis, então não — não precisa estar acontecendo nada “grave” ou “urgente” para alguém começar.

    Muita gente procura um acompanhamento simplesmente porque sente vontade de ter um tempo para si, de se escutar com mais calma, de organizar pensamentos, de olhar para desejos, dúvidas, sonhos ou só para respirar no meio da correria. A psicoterapia é esse espaço: um lugar seguro, onde você pode explorar o que faz sentido na sua vida, sem precisar justificar com uma crise.

    E, além de ser esse momento de pausa e presença, você está acompanhada por uma psicóloga, alguém que vai acolher, sustentar e aprofundar o que surgir — ajudando a nomear sentimentos, ampliar perspectivas, reconhecer padrões e fortalecer recursos internos. Não é só uma conversa; é um processo construído com cuidado e no seu ritmo.

    Também não acredito que todo mundo “precise” de psicoterapia. Cada pessoa encontra jeitos próprios de se entender e se cuidar, seja pela arte, pela escrita, pela natureza, pelos vínculos, pela espiritualidade. A psicoterapia é uma possibilidade, não a única.

    Mas, se existe curiosidade, vontade de experimentar ou desejo de um espaço mais seu, a psicoterapia pode fazer muito sentido.

  • Acho muito difícil nomear todas as motivações possíveis, mas vou listar algumas.

    Há quem chegue sem um motivo específico, só com vontade de se entender melhor, revisar caminhos, cuidar da própria história ou ter um tempo para si.

    Outras vezes chegam por questões no trabalho, nos estudos ou por mudanças importantes na vida.
    Muita gente busca psicoterapia quando está atravessando conflitos nos relacionamentos (amorosos, familiares, de amizade), passando por momentos de cansaço profundo, dificuldade de se expressar, insônia, confusão mental ou uma sensação de estar meio desconectada de si.

    Na adolescência, é comum que a busca venha das dúvidas sobre identidade, escolhas profissionais, inseguranças, pressões da escola, comparações, autoestima, conflitos familiares ou simplesmente o desejo de ter um espaço seguro para falar sobre o que está acontecendo por dentro.

    Outras pessoas chegam por medos — medo do futuro, de tomar decisões, de perder alguém, de não dar conta, de mudanças, de repetir padrões, de falhar, de se mostrar…
    E , cada vez mais, aparece também o medo do fim do mundo: inquietações sobre colapso climático, crises sociais, injustiças, violências, perda de sentido, sensação de que tudo está acelerado demais ou de que o mundo não está acolhendo as vidas como poderia. Esses medos também são legítimos e dizem muito sobre o tempo em que vivemos.

    Também existe quem procura psicoterapia por questões de saúde mental, como ansiedade, depressão, transtornos alimentares, compulsões, bipolaridade ou outras formas de sofrimento psíquico.

    Talvez você ainda não saiba a sua motivação, e está tudo bem também. Nem tudo precisa de um motivo, as vezes apenas a curiosidade e um impulso de desejo são o que você precisa para começar. De qualquer forma eu estou aqui para te ouvir e acolher o que vier.

  • A primeira sessão é para a gente se conhecer.
    Eu vou querer saber um pouco sobre você, entender se existe alguma demanda específica e quais são suas expectativas em relação ao processo. Também vou explicar como funciona o meu atendimento, tirar dúvidas e deixar o espaço confortável para você sentir se quer seguir com as sessões ou não.

    Nesse encontro inicial, a gente também faz os combinados: eu explico sobre o sigilo profissional, a periodicidade dos atendimentos, o tempo de sessão e como funcionam possíveis cancelamentos ou mudanças de horário.

    Se você decidir continuar, as conversas vão acontecendo de forma natural. Você pode falar sobre sua semana, sobre algo que te tocou, sobre um filme que viu, uma memória antiga, uma sensação que apareceu, um pensamento que não sai da cabeça e até sobre não saber o que falar.
    Não existe um jeito certo de começar, não existe um roteiro ideal. Cada pessoa tem seu tempo e seu ritmo, e tudo isso faz parte do processo.

  • A dúvida é comum, e o próprio Código de Ética do CFP ajuda a orientar. No Art. 2º, inciso j, está escrito que a psicóloga não pode “estabelecer com a pessoa atendida, familiar ou terceiro, que tenha vínculo com a/o atendida/o, relação que possa interferir negativamente nos objetivos do serviço prestado”.

    Isso significa que a questão não é simplesmente “pode ou não pode?”, e sim se a relação existente pode atrapalhar o processo terapêutico.

    Se uma psicóloga for atender duas pessoas que são amigas ou familiares, por exemplo, é essencial que ela consiga separar completamente os atendimentos. Nada do que é dito por uma pessoa pode atravessar o processo da outra. Se essa separação for possível, o atendimento não é proibido.

    Mas é importante conversar com quem já está em atendimento. Se existir qualquer desconforto ou se a pessoa sentir que isso pode prejudicar o vínculo, então o mais ético é não assumir o novo caso.

    Por isso esse tema é considerado meio “nebuloso”: muitos profissionais preferem não atender amigos/familiares de pacientes para evitar qualquer risco de interferência. Mas, na prática, depende de cada caso, do contexto e da capacidade da psicóloga de manter limites muito claros.

  • Todo psicologo precisa manter um prontuário para cada pessoa atendida. Resolução CFP 01/2009 e a Resolução CFP 05/2010 definem os elementos essenciais que devem constar em todo prontuário psicológico, como identificação de usuária, avaliação da demanda, objetivos do trabalho, registro da evolução, encaminhamento e encerramento, entre outros. O prontuário visa registrar o acompanhamento da pessoa atendida e pode ser compartilhado com a/o usuária/o do serviço ou com seus responsáveis legais que, inclusive, têm direito a solicitar uma cópia. Para além desse registro eu mantenho anotações confidenciais e privativas que utilizo para estudar o caso.

  • O sigilo é fundamental para que exista vínculo e confiança.
    A psicoterapia é um espaço livre para você compartilhar qualquer opinião, pensamento, sentimento ou experiência — e tudo isso fica entre você e a psicóloga. Nada do que é dito nas sessões pode ser repassado para familiares, amigos, escola, trabalho ou qualquer outra pessoa.

    Pelo Código de Ética, o sigilo é a forma de proteger sua intimidade e garantir que você tenha um espaço seguro para falar sobre o que quiser.

    A quebra de sigilo só pode acontecer em situações muito específicas: quando há risco à vida (sua ou de outra pessoa) ou quando a lei exige. Mesmo nesses casos, a psicóloga avalia com muito cuidado o que fazer, sempre buscando o menor prejuízo possível.

    E algo importante: isso nunca acontece de surpresa.
    Se surgir uma situação em que o sigilo precise ser discutido, eu converso com você, explico o que está acontecendo para pensarmos nos próximos passos.

    O objetivo do sigilo é criar um espaço de cuidado, respeito e segurança, onde você possa se expressar com liberdade.

  • O sigilo continua sendo um direito do adolescente e uma responsabilidade da psicóloga, mas existem algumas especificidades.

    Para iniciar o atendimento, eu preciso do consentimento dos responsáveis legais. Isso faz parte das orientações do CFP e garante que o processo esteja regularizado, ético e protegido. Mesmo assim, depois do início, o espaço da psicoterapia continua sendo um lugar de confidencialidade para a criança ou adolescente .

    O que muda é que, no caso de menores de idade, algumas informações podem e devem ser compartilhadas com os responsáveis, mas só o que for essencial para o cuidado, para o bem-estar e para a tomada de decisões importantes (conforme o Código de Ética, Art. 1º — f, g, h — e Art. 13).

    Isso significa que posso explicar:

    • como o processo está sendo conduzido;

    • quais são os objetivos do atendimento;

    • como o adolescente está se desenvolvendo dentro da psicoterapia;

    • se há necessidade de algum encaminhamento.

    Mas os conteúdos íntimos, sentimentos, pensamentos, relatos pessoais, dores e confidências feitas na sessão não são repassados. O adolescente também precisa de um espaço seguro para se expressar sem medo.

    Assim como no atendimento de adultos, a quebra de sigilo só pode acontecer em situações específicas: risco à vida, risco grave à integridade física ou exigência legal. E, mesmo nesses casos, isso não acontece de surpresa: eu sempre converso com a pessoa atendida para conversarmos sobre os próximos passos